Diário de Notícias - 11 Nov 08

 

PPR já perderam 742 milhões em 2008
Pedro Ferreira Esteves

 

Poupança. Mercado de PPR já só gere 1600 milhões

 

Só no mês passado desapareceram 1270 milhões dos fundos

 

O mês de Outubro - dominado pelo agudizar da crise financeira mundial - marcou um novo ponto baixo do mercado português de fundos de investimento mobiliários. Só no mês passado, "desapareceram" 1270 milhões de euros das poupanças dos portugueses aplicadas neste sector, acumulando em 14 mil milhões a fuga registada desde o final de 2006, quando o mercado atingiu um pico de 30 mil milhões.

 

De acordo com os dados publicados ontem pela associação do sector (APFIPP), os fundos de tesouraria e de obrigações de taxa indexada (euro) continuam a ser os mais penalizados. Desde o início deste ano, já sofreram saídas na ordem dos 2220 e 2636 milhões, respectivamente. Mas os planos poupança reforma (PPR) também estão a ser fortemente penalizados, com uma quebra de 742 milhões em 2008 para os 1600 milhões. Esta perda diz respeito aos PPR constituídos sob a forma de fundos de investimento, uma parcela de um mercado dominado pelo sector segurador. Neste caso, segundo os dados da Associação Portuguesa de Seguradoras, os PPR registam um comportamento inverso (crescimento de 9% até Setembro).

 

A saída de investidores dos fundos de investimento mobiliários é uma reacção à crise financeira e às suas ramificações nos mercados bolsistas. Por um lado, os bancos estão a incentivar a transferência das poupanças para os depósitos a prazo, dadas as suas necessidades de liquidez imediata. Por outro lado, os clientes estão a assustar-se com a dimensão das perdas dos produtos, ao mesmo tempo que se verifica um movimento (menos pronunciado) de resgate para fazer face ao aumento dos encargos com o crédito.

 

Os fundos mobiliários e imobiliários viram as suas regras flexibilizadas pelo Governo, que deu "carta branca" à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para gerir as situações mais complicadas. Em particular, nos casos em que os elevados montantes resgatados estão a ameaçar a capacidade dos fundos de continuarem a gerir activos e a cumprir com as suas responsabilidades.