PPR já perderam 742 milhões em 2008
Pedro Ferreira Esteves
Poupança. Mercado de PPR já só gere 1600 milhões
Só no mês passado desapareceram 1270 milhões dos
fundos
O mês de Outubro - dominado pelo agudizar da crise
financeira mundial - marcou um novo ponto baixo do
mercado português de fundos de investimento
mobiliários. Só no mês passado, "desapareceram" 1270
milhões de euros das poupanças dos portugueses
aplicadas neste sector, acumulando em 14 mil milhões
a fuga registada desde o final de 2006, quando o
mercado atingiu um pico de 30 mil milhões.
De acordo com os dados publicados ontem pela
associação do sector (APFIPP), os fundos de
tesouraria e de obrigações de taxa indexada (euro)
continuam a ser os mais penalizados. Desde o início
deste ano, já sofreram saídas na ordem dos 2220 e
2636 milhões, respectivamente. Mas os planos
poupança reforma (PPR) também estão a ser fortemente
penalizados, com uma quebra de 742 milhões em 2008
para os 1600 milhões. Esta perda diz respeito aos
PPR constituídos sob a forma de fundos de
investimento, uma parcela de um mercado dominado
pelo sector segurador. Neste caso, segundo os dados
da Associação Portuguesa de Seguradoras, os PPR
registam um comportamento inverso (crescimento de 9%
até Setembro).
A saída de investidores dos fundos de investimento
mobiliários é uma reacção à crise financeira e às
suas ramificações nos mercados bolsistas. Por um
lado, os bancos estão a incentivar a transferência
das poupanças para os depósitos a prazo, dadas as
suas necessidades de liquidez imediata. Por outro
lado, os clientes estão a assustar-se com a dimensão
das perdas dos produtos, ao mesmo tempo que se
verifica um movimento (menos pronunciado) de resgate
para fazer face ao aumento dos encargos com o
crédito.
Os fundos mobiliários e imobiliários viram as suas
regras flexibilizadas pelo Governo, que deu "carta
branca" à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
(CMVM) para gerir as situações mais complicadas. Em
particular, nos casos em que os elevados montantes
resgatados estão a ameaçar a capacidade dos fundos
de continuarem a gerir activos e a cumprir com as
suas responsabilidades.