A
recente crise financeira veio provar à saciedade que
estamos muito longe de viver na tão apregoada
"Democracia". Alguns regimes do planeta serão até,
inqualificáveis mas, no chamado mundo ocidental,
aquilo em que vivemos é muito mais uma Plutocracia,
o regime dos muito ricos.
Se fossem ricos de trabalho sério
e produtivo, talvez não viesse grande mal à terra,
mas, infelizmente, o que tem vingado é a especulação
desenfreada, o ilícito, a fuga ao fisco, a lavagem
de dinheiro sujo, as tentativas de monopólio,
etc.Crise moral, falência política
A recente crise financeira veio
provar à saciedade que estamos muito longe de viver
na tão apregoada "Democracia". Alguns regimes do
planeta serão até, inqualificáveis mas, no chamado
mundo ocidental, aquilo em que vivemos é muito mais
uma Plutocracia, o regime dos muito ricos.
Se fossem ricos de trabalho sério
e produtivo, talvez não viesse grande mal à terra,
mas, infelizmente, o que tem vingado é a especulação
desenfreada, o ilícito, a fuga ao fisco, a lavagem
de dinheiro sujo, as tentativas de monopólio, etc.
Escusado será dizer que as
preocupações sociais não entram nesta equação. E
cada vez mais a fatia maior do mercado é dominada
por cada vez menos, reunidos em organizações
poderosas e muito discretas, que ninguém elege nem
escrutina.
Estamos perante uma crise moral e
de princípios profundíssima que é, ao mesmo tempo,
causa e efeito do descalabro político.
A coisa funciona em termos
simples: os "ricos" financiam e controlam as
campanhas eleitorais elegendo quem lhes interessa.
Estes, uma vez no Poder, têm obviamente que
favorecer quem lhes fez os favores. Com o tempo
alguns trocam até, de lugares.
Perante os vários escândalos
financeiros, o que fazem os governos? Pegam no
dinheiro dos contribuintes e transferem-no para os
cofres de muitos daqueles que pela sua cupidez e
ganância são responsáveis pelo desastre em que
estamos.
A falta de vergonha só tem
paralelo na impunidade em que tudo se passa, como é
bem ilustrado pela comezaina realizada algures na
Côte d'Azur pela administração de um dos maiores
bancos belgas, falido, que terá custado a módica
quantia de 300 mil euros!
Argumenta-se que não restaria aos
Governos outra hipótese a fim de não provocar o
descalabro do sistema financeiro internacional. Pode
ser, mas tal só será aceitável se se
responsabilizarem os agentes económicos e
financeiros que se portaram mal, bem como os
organismos que falharam na prevenção das práticas
lesivas da boa gestão e dos bons costumes, e se se
produzir legislação que regulamente eficazmente a
actividade financeira.
Se tal não acontecer, acarretará o
total descrédito da classe política que, aliás,
mesmo afirmando-se da mais fina linhagem
democrática, já pouco crédito tem.
João J. Brandão Ferreira
Tenente-coronel piloto aviador (ref)
Lisboa