Dicionário do Calão foi suspenso
Site «Tu alinhas» está em reformulação
O Dicionário de Calão do site «Tu Alinhas» foi
suspenso e está a ser reformulado pela equipa que o
criou, revelou o presidente do Instituto da Droga e
Toxicodependência (IDT), organismo responsável pelo
projecto infanto-juvenil, noticia a agência Lusa.
O presidente do IDT, João Goulão, disse que o
«Dicionário de Calão foi suspenso na quinta-feira
passada por causa de toda a polémica que se criou à
volta de algumas definições».
O conteúdo do dicionário era destinado a crianças e
jovens a partir dos 11 anos e, segundo alguns pais e
psicólogos, podia incentivar o consumo de drogas e
«fomentar um estilo de vida pouco saudável».
Dizia o dicionário que «betinho» ou «cocó» era
«aquele que não consome droga e, por isso, é
considerado conservador, desprezível e
desinteressante». Havia ainda definições que os
encarregados de educação consideravam ser «quase um
manual de instruções».
«O site está no ar desde Fevereiro do ano passado e
tem lá a indicação de que está em construção. Mas
nunca ninguém nos fez qualquer sugestão ou deu uma
opinião negativa sobre o dicionário. Como não somos
autistas, estamos abertos a críticas e sugestões.
Perante a polémica decidimos voltar a olhar para o
site e fazer uma reflexão», explicou João Goulão.
Agora, quem for à página descobre que o «Dicionário
de Calão (está) em revisão». Segundo o presidente, o
dicionário está a ser avaliado pela mesma equipa do
IDT que o criou, sendo expectável que ainda esta
semana sejam conhecidas algumas alterações.
«A equipa que o criou está a rever os conteúdos e
admito que alguns possam vir a ser reformulados. No
entanto, acho desproporcionada toda esta polémica em
torno de algumas definições», disse à Lusa.
Também o grupo parlamentar do CDS-PP criticou o
site, tendo anunciado este domingo que pretende
pedir uma audição do presidente do IDT na comissão
parlamentar de Saúde para explicar a publicação do
dicionário.
Numa carta enviada domingo à comissão de Saúde, a
deputada do CDS-PP Teresa Caeiro afirmava que o
objectivo era que João Goulão explicasse a
publicação do «dicionário» que incute nos jovens
«uma ideia negativa e injuriosa dos que não consomem
drogas».
Para o CDS-PP, o instituto presidido por João Goulão
«é um organismo que prossegue fins públicos», sendo
«inaceitável que trate com ligeireza o consumo de
droga e que incentive frases de quem se acha
engraçadinho».
João Goulão garante que a suspensão do dicionário
«não tem propriamente a ver com a posição do CDS,
mas sim com uma abertura a todas as críticas que
chegam ao IDT».
Muitas críticas
Os pais - através da Confederação Nacional
Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE)
e da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP)
- foram os mais críticos.
A CNIPE anunciou logo na semana passada que iria
pedir ao IDT a reformulação do site, por considerar
«muito preocupante» a transmissão de uma «imagem
convidativa das drogas», nomeadamente através da
utilização de adjectivos como «brilhante» ou
«cativante».
A CNIPE referia-se à definição de palavras como
«Queimar», que segundo o dicionário significava
«aquecer com o isqueiro a heroína ou cocaína, até
fazer a bolha brilhante, cativante e vaporosa cujo
fumo será inalado com a ajuda de uma nota enrolada
em tubo».
Site era popular
Apesar de ter sido criada há pouco mais de um ano, a
página já recebeu cerca de 20.500 visitas desde
Janeiro.
De acordo com a responsável pelo site do IDT,
Patrícia Pissarra, a criação deste sítio na Internet
surgiu para dar resposta às muitas dúvidas que os
jovens colocavam através da linha SOS Droga,
colmatando uma lacuna sentida pelo IDT na abordagem
aos mais novos.