Público - 22 Out 06
Ministra quer alterar fórmula de construção dos
rankings
Maria de Lurdes Rodrigues entende que classificar as
escolas apenas em função dos resultados dos exames
"é pobre"
A ministra da Educação considerou ontem que a
classificação das escolas feita com base nos
resultados dos exames é "pobre" e afirmou a
necessidade de serem feitas avaliações mais
aprofundadas.
Maria de Lurdes Rodrigues, que participou em Lisboa
no I Fórum Educativo Como melhorar a qualidade de
ensino?, disse que "os rankings feitos com base nos
resultados dos exames do secundário dão uma visão
das escolas muito pobre".
A ministra comentava a divulgação pública, ontem,
dos resultados dos exames nacionais do ensino
secundário, por estabelecimento, que permitem
elaborar uma lista classificativa das escolas, em
função das notas dos seus alunos. "As escolas são
muito mais do que exames do secundário, têm uma
enorme complexidade e riqueza e devem ser avaliadas
sobretudo pela capacidade de liderança e de
organização", salientou Maria de Lurdes Rodrigues.
"Um ranking não é uma avaliação, é uma seriação de
escolas que tem a validade que tem."
Por isso, a ministra pretende alterar o sistema de
avaliação com base exclusiva nos resultados dos
exames, que, considera, "tem tido sobre as escolas
mais efeitos negativos do que positivos". "Aquilo de
que nós precisamos para fazer a avaliação das
escolas no próximo ano é de instrumentos mais ricos
e não apenas dos exames" disse.
A ministra considerou que as escolas privadas vêm à
frente das públicas neste ranking "por razões muito
variadas, que era interessante pôr a claro", e
desafiou a "trabalhos mais profundos, que permitam
uma avaliação mais completa e compreender por que é
que há escolas tão boas e com resultados tão
aceitáveis que não estão nos primeiros lugares, sem
deixarem de ser boas escolas por isso".
Maria de Lurdes Rodrigues não comentou o
braço-de-ferro com os professores, que consideraram
como uma "intolerável chantagem" as propostas feitas
quinta-feira pelo Ministério da Educação no âmbito
da revisão do Estatuto da Carreira Docente, cuja
aplicação a tutela condicionou ao fim dos protestos.
Cerca de 30 membros do Sindicato dos Professores da
Grande Lisboa receberam com apitos de protesto a
ministra à entrada para o colóquio, salientando que
a proposta do ministério é "indigna de um Portugal
democrático, porque condicionou o prosseguimento das
negociações à desmobilização dos professores e ao
compromisso dos sindicatos de desmobilizarem a luta
dos professores".
"Isto é querer comprar os sindicatos, que não estão
à venda, representam os professores e farão o que os
professores entenderem", realçou o sindicalista
Manuel Grilo. lusa