Público - 22
Nov 06
Elementos do Cnaves vão faltar à apresentação do
relatório
Bárbara Wong
"O Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior
disponibilizará publicamente o relatório final e
organizará a discussão pública do mesmo." O texto do
despacho do ministro Mariano Gago, datado de 9 de
Janeiro deste ano, não se cumpriu. Hoje, no Centro
Cultural de Belém, em Lisboa, não é o conselho
nacional (Cnaves), mas o ministério que apresenta o
relatório internacional feito pela Rede Europeia
para a Garantia da Qualidade no Ensino Superior (Enqa).
Também estava previsto, no mesmo despacho, que a
Enqa submeteria ao Ministério da Ciência, Tecnologia
e Ensino Superior (MCTES) e ao Cnaves este mesmo
relatório, onde constam os resultados da avaliação
dos organismos portugueses responsáveis pela
garantia de qualidade do sistema de ensino superior
nacional. O facto é que só ontem o MCTES fez chegar
o documento ao Cnaves.
Adriano Moreira, o presidente do conselho que está
demissionário desde que o MCTES decidiu extinguir
este órgão coordenador da avaliação das
universidades e politécnicos, não vai comparecer à
apresentação pública do relatório. A mesma decisão
tomaram todos os conselheiros, também
demissionários, por não ter tido conhecimento da
apresentação.
No relatório de auto-avaliação - feito por uma
equipa externa ao organismo, liderada por Sérgio
Machado dos Santos, para entregar à Enqa -, o Cnaves
lamenta que em dez anos, entre 1995 e 2005, nunca
nenhum Governo tenha usado as conclusões dos
relatórios de avaliação externa feita aos cursos de
universidades e politécnicos.
O documento critica a "paralisia" da tutela em
relação aos resultados da avaliação, acrescentando
que desconhece se alguma vez o ministério fez uma
análise a esses relatórios de avaliação. No futuro,
diz o texto, é preciso definir as responsabilidades,
porque esta inacção passa a ideia, para a opinião
pública, de que a avaliação não tem consequências.
A avaliação foi um "movimento positivo" porque
quando começou as instituições estavam todas de
costas voltadas, refere uma fonte ligada ao Cnaves.
Essa foi uma das razões porque foi criado um sistema
"complexo" de avaliação que envolve vários
organismos, como critica a Enqa.
"O Cnaves e os conselhos de avaliação cumpriram
efectivamente as funções e a missão que a tutela
definiu por lei", resume Luciano de Almeida,
presidente do Conselho Coordenador dos Institutos
Superiores Politécnicos (CCISP).
O PÚBLICO tentou ouvir Adriano Moreira mas o
professor não esteve disponível. O Cnaves é composto
por conselheiros que foram nomeados em Conselho de
Ministros, como Adriano Moreira. Montalvão e Silva,
Machado dos Santos, Brito Afonso, Maria da Glória
Dias Garcia.
Outros representam os organismos responsáveis pela
avaliação, como a Fundação das Universidades
Portuguesas, o Conselho de Avaliação da Associação
dos Institutos Superiores Politécnicos Portugueses e
o Conselho de Avaliação do Ensino Universitário da
Associação Portuguesa de Ensino Superior Privado.
Fazem ainda parte do Cnaves o Conselho de Reitores
das Universidades Portugueses, o CCISP e os
estudantes dos vários sectores de ensino.