Diário de Notícias -
9
Nov 06
Taxas de luz,
água, gás e telefone custam um ordenado mínimo ao
ano
Céu Neves
É a quota de serviço, o termo fixo ou a parte fixa,
o saneamento, os resíduos sólidos, o adicional à
câmara, a disponibilidade, os direitos de passagem e
a contribuição audiovisual. Designações que pouco
dizem aos consumidores, mas que na prática
significam taxas da água, do gás, da electricidade e
do telefone e representam, para um agregado
doméstico de quatro pessoas, uma média de 30 euros
no orçamento mensal. Ou seja, 360 euros por ano,
praticamente um ordenado mínimo nacional.
A factura mais pesada é a da água. Além do aluguer
do contador, é preciso pagar os esgotos e os lixos.
Há autarquias, como a de Lisboa, que ainda pedem uma
taxa para a limpezas das ruas, que aparece designada
como "adicional à câmara". Nestes casos, o
consumidor não sabe o que está a pagar.
"Existem muitas designações para o mesmo serviço e
se houvesse uma uniformização havia mais
transparência e os consumidores estariam mais bem
informados", diz Ana Tapadinhas, jurista da Deco.
Esta é uma reivindicação antiga da associação e que
tem caído em saco roto.
São poucos os clientes que se queixam das taxas, mas
chegam às associações de consumidores muitos pedidos
de informação sobre o que significam as parcelas
incluídas na facturação, nomeadamente da água. Há
também quem reclame por estar a pagar em duplicado a
taxa da radiodifusão (no caso de segunda habitação)
ou pelo elevado custo do aluguer do contador do gás.
As várias designações correspondem também a
diferentes preços. O DN comparou as taxas das
facturas de serviços essenciais pagas por um
consumidor doméstico em Lisboa, Coimbra, Porto e
Faro. Verificou que quem mora na capital nortenha
pode pagar em média mais 14 euros por mês do que
quem vive na cidade dos estudantes ou no Algarve, o
que representa mais 168 euros por ano. Lisboa fica
no meio da tabela, com uma factura mensal de 25
euros em taxas. Isto acontece pelo facto de
existirem diferentes empresas a fornecer o gás e a
água, cada uma com tabelas próprias.
"Os preços e as taxas da água dependem dos
regulamentos municipais, o que torna mais difícil a
uniformização, mas isso não explica a grande
disparidade de valores de região para região. Há
zonas mais longínquas e que justificam um custo mais
baixo, mas não é a regra", critica Ana Tapadinhas.
Uma das principais reivindicações da Deco é a
aproximação dos preços aos custos reais. Outra é que
o Instituto Regulador das Águas e Resíduos alargue
as competências aos serviços municipalizados,
actualmente circunscritas às empresas
concessionárias.