Índices de dependência de idosos deverão
acentuar-se em todo o país
Ana Cristina Pereira
A população da União Europeia será menor em 2031.
Pelas previsões do Eurostat, 101 regiões (num total
de 197) serão afectadas por esta tendência de
quebra. O Algarve merece destaque por estar entre as
que mais lhe escaparão (por via da imigração).
As projecções indicam um crescimento populacional
nas regiões da Europa Ocidental e do Norte (com
algumas excepções). As do Sul experimentarão uma
natureza dual. E haverá um declínio nas da Europa de
Leste e Central.
O diagnóstico é conhecido, consta dos manuais de
geografia. No rescaldo do baby-boom do pós-II Guerra
Mundial, a subida da esperança média de vida
conjugou-se com a diminuição das taxas de
natalidade. Na União, o futuro agudizará o peso da
população com mais de 65 anos. Em Portugal, a
população idosa passará de 1,761 milhões em 2004
para 2,591 em 2031. A região Norte (a mais populosa)
concentrará o maior número (909 mil).
De acordo com os dados ontem divulgados pelo
Instituto Nacional de Estatística, o índice de
dependência de idosos, isto é, o rácio número de
idosos/número de jovens (0 aos 14 anos), subiu de
19,2 em 1987 para 25,6 em 2006. Conforme as
previsões do Eurostat, atingirá os 39 por cento em
2031.
A percentagem varia de região para região. O Algarve
(28 para 43,8), o Alentejo (35,6 para 42,5), Lisboa
(23,4 para 40,5) e o Centro (30,3 para 39,9) serão
as regiões com maior índice em 2031. Embora seja
expectável que o Norte (a zona mais povoada do país)
se mantenha abaixo da média nacional, tudo se
conjuga para uma mudança acelerada (21,2 para 37,7).
Apenas as regiões autónomas manterão um índice
abaixo dos 30 por cento. Mas atenção: tanto uma como
outra sofrerão um considerável aumento do peso dos
cidadãos com mais de 65 anos (18,8 para 27,4 nos
Açores e 19,8 para 28,9 na Madeira).
"Não há forma de evitar o envelhecimento, a questão
é desacelerá-lo", comenta o geógrafo João Peixoto.
Uma forma de o fazer é com a imigração, mas isto só
funciona "a curto prazo", já que os imigrantes
tendem a fixar-se e a envelhecer nos países de
acolhimento. Não é de esperar, acredita, um outro
baby- boom. "Tem de haver integração de medidas",
receita, referindo-se a políticas de imigração
controlada, mas também ao incentivo directo à
natalidade, a formas de conciliar a vida pessoal,
com a vida familiar e a vida laboral...
Segundo o Eurostat, a imigração desempenhará um
papel decisivo nas alterações da população:
constituir-se-á como o único (ou o mais forte)
factor em 85 das 96 regiões europeias com previsão
de crescimento. Esta tendência deverá verificar-se,
sobretudo, no Sul de Portugal, de Espanha, Grécia,
Alemanha, Finlândia e Suécia e no Norte de Itália,
Irlanda, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Depreende-se
que o crescimento do Algarve (de 405 mil para 483
mil habitantes) se fará à custa da imigração. Com
mais de 65 anos, a julgar pelo já referido índice de
dependência dos idosos (28 para 43,8 por cento).