Portugal enfrenta risco de "morte lenta"
Eva Gaspar
Portugal e Grécia são dois países que enfrentam o
risco de uma "morte lenta", caso os respectivos
Governos continuem a ser obrigados a reservar uma
parcela crescente da produção nacional ao pagamento
das dívidas contraídas e respectivos juros. O
cenário é traçado pela Moody"s.
Portugal e Grécia são dois países que enfrentam o
risco de uma “morte lenta”, caso os respectivos
Governos continuem a ser obrigados a reservar uma
parcela crescente da produção nacional ao pagamento
das dívidas contraídas e respectivos juros.
O cenário, descrito em termos alarmistas, é traçado
pela Moody’s, a agência de “rating” que diz estar à
espera do novo Orçamento de Estado para decidir se
vai voltar a baixar a notação de risco da República
portuguesa, aconselhando, deste modo, os
investidores a cobrarem juros mais altos para
financiar as políticas públicas nacionais.
Ao longo de um extenso relatório dedicado às
perspectivas de evolução da dívida soberana dos
países europeus, a Moody’s atrela recorrentemente o
caso grego ao português, considerando que ambos
falharam no saneamento das finanças públicas durante
os tempos das "vacas gordas" – que, por cá, foram
quase sempre magras – e que são “os dois exemplos de
países que exibem uma baixa competitividade
estrutural” no seio da Zona Euro, que se reflecte em
elevados défices externos.
Neste contexto, a Moody’s diz que o risco de uma
“morte súbita”, deflagrada por uma crise na balança
de pagamentos, corresponde a uma probabilidade “negligenciável”.
Mas, em contrapartida, a agência de notação de risco
considera “provável” um cenário de “morte lenta” –
que faz lembrar o tal “definhamento” a que Ernâni
Lopes há muito considera estar condenada a economia
portuguesa.
Porquê? Porque a falta de competitividade estrutural
acabará por resultar numa “sangria de potencial de
crescimento” e, logo, numa redução na capacidade de
os Estados arrecadarem receitas fiscais,
obrigando-os a afundarem-se, ainda mais, na espiral
de endividamento em que já mergulharam.