Já há 19 comités locais para garantir participação
na manifestação de sábado contra lei do Governo
Em Mora, Dimas Galvão espalhou cartazes, enviou
centenas de e-mails para amigos e conhecidos e bateu
a todas as portas, desde a junta de freguesia à
câmara, passando pela paróquia. A todos deixou uma
dupla mensagem: de contestação à lei que permite o
casamento entre pessoas do mesmo sexo e de apelo à
participação na manifestação nacional que decorrerá
no sábado em Lisboa. Isto numa altura em que a lei
já foi aprovada no Parlamento e aguarda a
promulgação do Presidente da República, Cavaco
Silva.
Com este responsável do comité de Mora, também pai
de dois filhos, rumarão à Avenida da Liberdade
várias centenas de pessoas para participar na
manifestação organizada pela Plataforma Cidadania e
Casamento, o movimento cívico que recolheu mais de
90 mil assinaturas a pedir um referendo. Bem como de
todo os cantos do País, acrescenta Isilda Pegado,
porta-voz deste grupo de cidadãos que ontem deu a
conhecer o manifesto e a estrutura do evento.
A organização não arrisca números de participantes,
mas explica que estão a ser organizados autocarros
que saem de vários pontos do território e que se en-
contrarão ao início da tarde em Lisboa. "A
mobilização é enorme. Continuamos a receber da parte
da sociedade um apelo fortíssimo para que se dê a
conhecer aos órgãos de soberania a insatisfação que
o povo tem pela aprovação desta lei", afirmou Isilda
Pegado.
A jurista esclarece que esta não é uma manifestação
contra os casais homossexuais , mas pela "liberdade
de o povo decidir quais os destinos do seu país".
Com este sinal de protesto, acrescenta Isilda
Pegado, a plataforma quer ainda "denunciar a
imposição estrutural que o Estado pretende fazer, ao
impor um modelo de sociedade com o qual esta não se
conforma".
António Pinheiro Torres, outro porta-voz da
Plataforma, acredita que a manifestação será
expressiva. "Se corresponder à indignação nacional
que sentimos durante a recolha de assinaturas, será
uma grande manifestação", afirmou.
Além do comité de Mora, que contou com a mobilização
de Dimas Galvão, nas últimas semanas foram criadas
mais 18 unidades locais, um pouco por todo o País.
Estes núcleos destinam-se a promover o debate sobre
o tema e a mobilizar os cidadãos para as futuras
iniciativas da Plataforma.
Os mandatários criticaram ainda o que dizem ser
ideias erradas sobre a adopção veiculadas pelo PS,
para "enganar a opinião pública". "A ideia de que os
casais homossexuais vão fazer um trabalho meritório
porque vão tirar crianças das instituições é errada.
As listas para adopção estão cheias de pais à
espera", disse Isilda Pegado.