Público -
7 Fev 06
Plano contra a obesidade quer melhor
alimentação nas escolas
Bárbara Wong
Deixar de haver máquinas de comida ou ter
nutricionistas nos estabelecimentos de ensino são
hipóteses em estudo
Comer na cantina da escola pode ser
agradável e as crianças e jovens devem fazê-lo mais
vezes, em vez de tirar das máquinas alimentos que são
verdadeiras "bombas calóricas", defende o presidente da
Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal (Adexo),
Carlos Oliveira. Um dos objectivos do Plano Nacional de
Combate à Obesidade, do Ministério da Saúde, é promover,
em conjunto com o Ministério da Educação, a criação de
condições para ter refeições equilibradas nas escolas.
Há acções que podem ser feitas já este ano, mas que
estão sujeitas a "calendarização", informa Alberto
Galvão Teles, presidente da comissão responsável pelo
referido plano nacional antiobesidade. Segundo Carlos
Oliveira, "há muitas hipóteses", como ter nutricionistas
nas escolas, deixar de haver máquinas de comida, criar
programas de formação para as crianças ou tornar a
alimentação das cantinas mais atractiva.
Campanha em Coimbra
Entretanto, preocupados com os elevados índices de
obesidade infantil, as autoridades da Saúde e Educação
da região de Coimbra desenvolveram um projecto de
promoção de uma alimentação saudável nas escolas.
Amanhã, a Direcção Regional de Educação do Centro (DREC),
a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), o
Hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra, o Instituto do
Consumidor e a Fundação Bissaya Barreto vão assinar um
acordo de colaboração com o objectivo de criar bons
hábitos alimentares entre os estudantes.
A campanha de sensibilização Comer Saudável surge numa
altura em que se sabe que uma em cada três crianças,
entre os sete e os nove anos, tem peso a mais. As
causas, aponta o estudo da antropóloga Cristina Padez,
da Universidade de Coimbra - que o PÚBLICO divulgou no
final de Janeiro -, são a falta de exercício, o
sedentarismo, mas também o modo como as crianças se
alimentam.
Para que os mais novos interiorizem a mensagem de que
"comer na escola é saudável", a DREC propõe que hotéis,
restaurantes e escolas de turismo se associem a um ou
mais estabelecimentos de ensino - como o Hotel Quinta
das Lágrimas fez em relação à Escola Secundária D.
Duarte - para que os seus chefes de cozinha ajudem as
escolas a fazer ementas.
A DREC vai ainda abrir um concurso de gastronomia, em
que cada escola concorre com uma ementa completa (sopa,
prato e sobremesa) que tenha em conta os conceitos de
alimentação saudável e a gastronomia local. No final,
será editado um livro de ementas escolares.
Estão ainda previstas acções de formação, palestras e a
realização de um estudo de prevalência da obesidade nos
2.º e 3.º ciclos, promovido pela ARSC.
A direcção regional não põe de parte pedir às escolas
para que fechem os bares e bufetes durante a hora do
almoço para que os alunos comam na cantina, onde uma
refeição é mais barata (1,34 euros) e tem melhor
qualidade, assegura o director regional José Manuel
Silva.
Este é um projecto ambicioso que procura abranger 270
mil alunos, de 78 municípios, onde são servidas 55 mil
refeições diárias.