Portugal entra em recessão no último trimestre do
ano Rudolfo Rebêlo
Rodrigo Cabrita
Economia. Grandes países do euro já estão em clima
recessivo
Portugal entra em recessão no último trimestre do
ano
A Comissão Europeia confirmou ontem o que já se
sabia desde meados de Novembro: a Zona Euro está em
recessão desde Abril. A economia dos 15 caiu 0,2% no
terceiro trimestre do ano, tal como sucedeu entre
Abril e Julho. Portugal, que exporta 73% das
mercadorias para a Zona Euro, estagnou no terceiro
trimestre e deverá entrar em contracção no último
trimestre.
Em anterior projecção, em Novembro, a Comissão
Europeia estimou uma expansão de 0,5% para a
economia portuguesa. Isto significa que no último
trimestre Portugal deverá recuar 0,2% em comparação
com o mesmo período do ano passado e cair 0,3% em
relação aos meses de Julho a Setembro.
Alemanha e Itália, as duas maiores economias do euro,
estão em recessão técnica. A actividade (PIB) nos
dois países recuou 0,5%, após 0,4% nos três meses
anteriores. Espanha vive em clima recessivo e, pela
primeira vez em 15 anos, a economia recuou, com a
alta taxa de desemprego a refrear o apetite dos
consumidores e os empresários a cortarem no
investimento. França deu sinais de reanimação ao
crescer 0,1% no terceiro trimestre face a igual
período precedente.
O que está a arrastar a economia do euro para o
vermelho? Desde Abril deste ano que as despesas das
famílias em consumo estão estagnadas, mas no
terceiro trimestre os consumidores terão batido no
fundo dos bolsos. É que as despesas não aumentaram
em relação ao mesmo período do ano passado.
As exportações da zona euro - afectadas pela
valorização da moeda face ao dólar, recuo das
economias clientes (procura externa) e inflação
interna na área monetária - caíram 0,1% no segundo
trimestre face ao período de Janeiro a Abril. Já
entre Julho e Setembro as exportações aumentaram
2,4% em relação a igual período de 2007. Para a
Europa dos 27, os dados ontem libertados pelo
Eurostat - o gabinete de estatísticas da Comissão
Europeia - indicam que as exportações terão
registado uma expansão de 2,6%.
Entre as potências mundiais é a Zona Euro que
regista um menor desempenho nas exportações, o que
confirma o impacte negativo da apreciação do euro no
comércio externo. Assim, para o terceiro trimestre,
as vendas dos EUA, beneficiadas pelo fraqueza do
dólar, cresceram 6,2% enquanto no Japão o comércio
externo (vendas) aumentou 4,1%.
Os investimentos na zona euro caíram 0,6% no
terceiro trimestre, após um recuo de 0,9% no período
precedente. Na Europa, o investimento, apesar desta
quebra, parece ser mais activo do que nos EUA e
Japão. É que as duas últimas potências estão há um
ano a sofrer contracções no investimento.
É visível o esforço orçamental dos países do euro em
contrariar a queda da procura. O consumo público
cresce, o que encontra compreensão por parte de
Bruxelas.